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"ENTREVISTA MANO AZAGAIA"

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Quando começaste a produzir música? Sou fascinado por letras e sempre gostei de escrever. Comecei a gostar de literatura aos 12, 13 anos e já nessa altura gostava muito do estilo do José Craveirinha, um poeta considerado herói nacional que fazia poesia de intervenção na época colonial. Apaixonei-me muito por aquela forma de luta e comecei a escrever. Nasci numa zona de Moçambique chamada Namaacha , na fronteira com a Suazilândia, e vim para Maputo lá pelos 13 anos. Foi quando eu começo a ter contacto com o rap. Fiquei fascinado com a música urbana. Então, juntando com aquela semente da intervenção social que já estava a nascer em mim foi um casamento perfeito. E por que o nome Azagaia? Quando eu tinha 17, 18 anos, formei um grupo musical chamado Dinastia Bantu. Éramos uma dupla: meu parceiro era o Escudo e eu, o Azagaia. Tinha tudo a ver, a azagaia, que é a lança e o escudo, o ataque e defesa. São objectos que identificam muito os bantu, são armas de guerra. E como nossa música era música de intervenção, mesmo que não contundente naquela época, escolhemos esse nome. Queríamos fazer música africana para os africanos e esse nome era muito ligado à nossa cultura. O grupo Dinastia Bantu não permaneceu por muito tempo, mas, quando decido começar minha carreira solo, opto por manter o nome Azagaia. Só que naquela época não imaginava que ia me tornar um músico de intervenção social tão contundente quanto uma azagaia. De certa forma, boa parte das escolhas que eu fiz acabaram me moldando também. Em 2007, lanço o meu primeiro álbum,Babalaze,que significa ressaca, e acabo ficando conhecido como músico de intervenção social com uma mensagem mais contundente. A partir daí, a cada momento que passa vou me tornando mais o azagaia que eu sou, vou ganhando a forma e a força dessa arma. A sua prisão foi um recado? (risos). Hum, acho que sim. Acho que sim. Pelo menos foi um recado para mim. E claro que vai ser um recado aos outros jovens também. Um recado em que sentido? Minha prisão foi muito mediatizada e acredito que foi por iniciativa das pessoas que me prenderam. Quiseram que a coisa fosse mediatizada. Há vários recados. Para começar, eu sou um músico de intervenção social e se apareço num escândalo da natureza em que estou envolvido isso claramente quer dizer aos outros que o vosso “herói” afinal de contas é vilão também. É como se quisessem cortar as minhas pernas. As pessoas estavam a acreditar em alguma coisa e eles pegam nessa mesma coisa e destroem. É como se estivessem a dizer: a pessoa em que vocês confiavam e achavam que era idónea não é nada disso do que vocês pensam, então deixem de estar com essa ideia de que é possível mudar alguma coisa. Tiveste uma passagem conturbada por Angola em Dezembro de 2009. Podes falar um pouco a respeito? Estive em Angola para cantar as músicas do meu CD, mas a dado momento numa música em que eu perguntava “quem vendeu a tua pátria”, o público angolano começou a evocar o nome do Presidente da República. E aí é que começa o alvoroço todo. Era muita gente, por aí 6 mil pessoas no cine Karl Marx. Eu limitei-me a cantar as minhas músicas, mas aquilo inspirou as pessoas a dizerem o que pensavam. E a partir daí ouve muita especulação. Porque, na verdade, tudo acabou bem. Houve receio de que houvesse problema por ter envolvido o nome do Presidente da República daquela forma, porque embora eu não tivesse dito nada, quem estava no palco era eu. Daí surgiram boatos de que eu fui escorraçado, coisa que não aconteceu. Eu não tive nenhum atentado. Se isso teve a acontecer, foi algo que eu não percebi. Muitas vezes sou vitima dos media mesmo. FONTE: BUALA

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